Com mais de 80% da matriz elétrica baseada em fontes renováveis, o Brasil tem o desafio de seguir “gerando” energia por meio de eficiência energética (EE). Além de manter ou aumentar a oferta do insumo, essa busca pode gerar emprego, atrair recursos estrangeiros e aumentar a competitividade do País. A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), prevê que o investimento mundial em EE vai triplicar até 2030, chegando a US$ 1,8 trilhão. Pelos cálculos do presidente da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia), Bruno Herbert, serão necessários 70 mil profissionais capacitados no tema nos próximos anos, incluídos engenheiros, técnicos e eletricistas.
Os resultados obtidos até aqui mostram que o investimento no setor tem sido compensado. De 1986 a 2022, a economia foi de 240 bilhões de quilowatt-hora (kWh). Desse total, 22,1 bilhões de kWh (quase 10%) foram alcançados em 2022, o equivalente ao consumo anual de 11,16 milhões de residências. “Esses números nos estimulam a perseguir a eficientização de forma permanente”, afirma Juliana Tadeu, superintendente do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia). Nascido em 1985, na esteira da crise do petróleo que se abateu sobre o mundo na virada dos anos 1970 para os 1980, o Procel é um dos mais longevos programas de EE do mundo.
Aos dados apresentados ontem no primeiro dia do 20º. Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE), em São Paulo, seguiu-se a exposição de ações de promoção da eficientização que estão sendo desenvolvidas pelo Programa, sob gestão da ENBPar. Somente nas duas últimas semanas, o Programa abriu chamada pública para a seleção de empresas de pequeno e médio porte que tenham interesse em otimizar seus sistemas de ar comprimido (Indústrias já podem se inscrever em chamada pública para eficientizar sistemas de ar comprimido – ENBPar), concluiu a consulta pública referente ao 5º. PAR (Plano de Aplicação de Recurso do Procel), cujos recursos para investimento podem chegar a R$ 400 milhões, e está na fase final do projeto EnergIF, programa de capacitação profissional e disseminação da cultura de EE entre professores e pesquisadores dos Institutos Federais e CEFETs (Conceitos e estatísticas de eficiência energética embasam curso do EnergIF – ENBPar).