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Professora Simone Amaro apresenta resultados do curso sobre hidrogênio verde com cota para mulheres - IFSC Divulgação

Cursos do EnergIF abrem mercado de trabalho a populações vulneráveis

O setor de geração de energia fotovoltaica tornou-se uma opção profissional para mulheres de Janaúba e Nova Porteirinha, no norte de Minas Gerais. Desde o ano passado, mais de cem foram contratadas por empresas da região para trabalhar na instalação e manutenção de placas solares. Essa ampliação do mercado de trabalho foi possível com a formação de 377 mulheres cis e trans, inscritas no CadÚnico, em cursos de cem horas ministrados no campus Janaúba do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).

A iniciativa, uma entre dezenas de ações desenvolvidas em boa parte dos 685 campi dos Institutos Federais espalhados pelo Brasil, foi apresentada no Encontro Nacional do EnergIF, na semana passada, em Florianópolis, pela professora Marineide Rocha. “Modulamos o curso para atender a uma necessidade das empresas e o resultado foi um número expressivo de contratações”, explica. Ainda durante o curso, todas as alunas receberam R$ 3,60 por hora aula assistida para estimular a participação de uma população em situação de vulnerabilidade.

Além da geração de emprego e renda para homens e mulheres, cursos como o do IFNMG têm promovido a cultura da eficiência energética (EE), um dos objetivos do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica). Sob gestão da ENBPar (Empresa Brasileira de Participação em Energia Nuclear e Binacional), o Procel desenvolve o EnergIF em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Os cursos são parte das ações desenvolvidas no âmbito do programa, que incluem, entre outras ações, a elaboração de material didático sobre EE e o monitoramento e a gestão do consumo de energia dos campi.

As mulheres também têm preferência nos cursos da área de hidrogênio verde no campus Pecém do Instituto Federal do Ceará (IFCE). De acordo com a professora Simone Amaro, um mínimo de 20% das vagas são destinadas a mulheres que queiram se qualificar para disputar vagas de trabalho no Complexo Portuário do Pecém. “Nas duas turmas que já concluíram a formação, 40% dos formados eram mulheres”, diz. No campus Boituva do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), os alunos do curso de 200 horas para instalador de sistema fotovoltaico eram presos em regime semiaberto do presídio de Iperó. Do total, 75% fizeram curso como forma de se reinserir no mercado de trabalho – os outros buscam remissão da pena – e 41% querem abrir o próprio negócio ao conquistar a liberdade.

De norte a sul do Brasil, um traço comum é “a presença nos campi dos institutos federais de uma parte da população que nunca achou que aquele fosse um lugar para ela estar”, segundo o professor James Silveira, coordenador do EnergIF. São comuns os relatos de alunos que, depois de um curso de qualificação, sentem-se estimulados a concluir o ensino médio e terminam por voltar ao IF depois da aprovação no ENEM.