A economia de energia gerada pelo investimento em eficiência energética (EE) respondeu por 4,35% da necessidade do insumo no Brasil em 2022. O número é consenso entre empresários, executivos e representantes do setor público e da academia, reunidos ontem e hoje em São Paulo, no 20º. Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE). “A fonte de energia mais barata e limpa é a energia que deixamos de usar sem reduzir a produção” afirma Bruno Herbert, presidente da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia), promotora do evento que tem a ENBPar como um dos patrocinadores.
Um dos primeiros países do mundo a promover a EE, o Brasil vive uma espécie de terceira onda da transição energética. Na primeira, nos anos 1980, intensificou projetos de geração hidráulica e implementou iniciativas importantes como o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica). Nos anos 2000, incentivou as fontes eólicas e fotovoltaicas. “O desafio hoje é ampliar a EE de forma justa e inclusiva e mostrar à sociedade os ganhos proporcionados pela eficientização”, afirma Alexandra Maciel, coordenadora de Projetos de EE do Ministério de Minas e Energia (MME).
“Para convencer a sociedade desses ganhos é fundamental deixar clara a relação entre o investimento e o benefício com a redução do consumo”, diz. Para Carla Achão, superintendente de Estudos Econômicos e Energéticos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), “o Brasil tem o dever de fazer a EE caber no bolso da população mais carente”.
Para possibilitar o refinamento contínuo desses dados, Alexandra Maciel propôs às ESCOs (Empresas de Serviços de Conservação de Energia) que todos os projetos de eficientização incluam entre seus resultados a relação entre o recurso investido e a economia em quilowatt/hora. Além da economia resultado da diminuição do consumo, a EE reduz a emissão de gases de efeito estufa e adia investimentos na construção de nova plantas geradoras de energia. Pelos cálculos do MME, o Brasil ganha R$ 12,00 para cada real investido em EE.
O engenheiro Lino Henrique Pedroni Júnior, Diretor de Planejamento, Controles e Compliance da CELESC, a Distribuidora de Energia de Santa Catarina, diz que esse ganho é maior ainda, na medida em que não inclui o ganho perceptível, mas não necessariamente mensurável, de conforto e riqueza gerado com a energia consumida.
Pelos cálculos da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o investimento mundial em EE vai triplicar até 2030, chegando a US$ 1,8 trilhão. “Esse número mostra tanto o acerto do Brasil, que apostou em EE de forma pioneira na década de 1980, quanto as possibilidades de negócios para as ESCOs nos próximos anos”, afirma Juliana Tadeu, superintendente do Procel. É por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia, cuja gestão é feita pela ENBPar, que a política de EE nacional é formulada.